sexta-feira, 29 de março de 2013

O TRATAMENTO DA ANEMIA NOS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM DARBEPOETINA ALFA NÃO TROUXE BENEFÍCIOS.

   Pacientes com insuficiência cardíaca sistólica e anemia, têm mais sintomas e piora da capacidade funcional, do que aqueles sem anemia. O RED-HF avaliou os efeitos de darbepoetina alfa sobre os resultados clínicos em pacientes com insuficiência cardíaca sistólica e anemia.
  O Estudo foi apresentado no Congresso da ACC em março de 2013 e publicado na NEJM, foi um estudo randomizado, duplo-cego, que incluiu 2.278 pacientes com insuficiência cardíaca sistólica e leve a moderada anemia (nível de hemoglobina, 9,0-12,0 g/dl) para receber darbepoetina alfa (para alcançar um alvo de hemoglobina de 13 g por decilitro) ou placebo. O resultado primário foi um composto de morte por qualquer causa ou hospitalização por piora da insuficiência cardíaca.
   O desfecho primário correu em 576 dos 1.136 pacientes (50,7%) no grupo de darbepoetina alfa e 565 de 1142 pacientes (49,5%) no grupo placebo (taxa de risco no grupo de darbepoetina alfa, 1,01, intervalo de confiança de 95%, 0,90-1,13 , P = 0,87). Não houve também diferença significativa entre os grupos em qualquer um dos resultados secundários. O efeito neutro de darbepoetina alfa foi consistente em todos os subgrupos pré-especificados. Acidente vascular cerebral fatal ou não fatal ocorreu em 42 pacientes (3,7%) no grupo darbepoetina alfa e 31 pacientes (2,7%) no grupo de placebo (P = 0,23). Eventos tromboembólicos foram relatados em 153 doentes (13,5%) no grupo darbepoetina alfa e 114 doentes (10,0%) no grupo de placebo (P = 0,01). Eventos relacionados ao câncer foram semelhantes nos dois grupos de estudo.
   O tratamento com darbepoetina alfa não melhorou os resultados clínicos dos pacientes com insuficiência cardíaca sistólica e leve a moderada anemia. Os resultados não apoiam o uso de darbepoetina alfa nestes pacientes.
Referência: NEJM

quarta-feira, 20 de março de 2013

O ALISKIRENO NÃO TROUXE BENEFÍCIOS AOS PACIENTES INTERNADOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, SENDO PIOR NOS DIABÉTICOS.

   O estudo ASTRONAUT, publicadas em 10 de março na JAMA e, simultaneamente, apresentado no encontro anual do Colégio Americano de Cardiologia, em São Francisco (JAMA 2013; 309: doi10.1001/jama.2013.1954), foi um estudo randomizado, controlado por placebo, comparando o uso de aliskireno mais a terapia padrão com a terapia padrão isolada, em pacientes internados com Insuficiência Cardíaca (IC) com fração de ejeção reduzida, durante 6 e 12 meses.
   Foram selecionados aleatoriamente 1639 pacientes, 1615 foram incluídos na análise de eficácia final. Os doentes no braço experimental recebeu 150 mg de aliskireno diariamente em adição ao tratamento padrão. O tratamento padrão era a critério do médico assistente, e poderia incluir, entre outros, diuréticos, digoxina, inibidores da ECA, bloqueadores dos receptores da angiotensina e beta-bloqueadores. Os pacientes foram avaliados de 2009 a 2011, com uma média de acompanhamento de 11 meses. A faixa etária média foi de 65 anos de idade. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 28%, com uma taxa média de filtração glomerular de 67 ml/min/1.73 m3. Quase metade (41%) tinham diabetes. Na admissão, o nível de NT-proBNP médio foi de 4.239 pg / mL. As drogas em uso eram: diuréticos (96%), beta-bloqueadores (82%), inibidores da ECA ou ARA (84%), e os antagonistas de mineralocorticóides (57%).
  O endpoint primário de eficácia foi uma combinação de morte cardiovascular (CV) ou readmissão insuficiência cardíaca (IC) dentro de 6 meses. Isto ocorreu em 201 (25%) do grupo de aliscireno e 214 (26%) do grupo de placebo - uma diferença não significativa. Não houve diferenças significativas quando morte CV e readmissão foram examinados separadamente.
   O principal desfecho secundário foi o composto de morte CV ou readmissão por IC, aos 12 meses, novamente, não houve diferença significativa entre os grupos diferença (35% vs 37%), embora os eventos tenham sido numericamente menor no grupo de aliskireno do que o controle grupo (283 versus 301). Analisando-se o número de primeiros eventos cardiovasculares após o tratamento, os investigadores acharam que infarto do miocárdio foi significativamente menos comum no grupo aliskireno (2% vs 5%; HR 0,93, P = 0,009).
   Uma análise de subgrupo mostrou que a droga foi especialmente problemática para os pacientes com diabetes. Comparados aos pacientes sem a doença que tinha tratamento padrão, os pacientes diabéticos que tomavam aliskireno foram 16% mais propensos a experimentar a morte CV ou readmissão por IC por 6 meses, e 64% mais propensos a experimentar todas as causas de morte por 12 meses. Durante o período de tratamento, a morte ocorreu em 24% dos pacientes com diabetes que tomou aliskireno, em comparação com 17% que tomaram placebo - também com diferença significativa. Em contraste, as taxas de morte entre os pacientes sem história [da diabetes] foram 15% e 20% nos grupos de aliscireno e placebo, respectivamente, escreveram os autores.
   Os efeitos adversos significativamente maiores no grupo de aliskireno, foram: hipercalemia (14% vs 13%) e hipercalemia grave (8% vs 5%). Eventos relacionados a hipercalemia ocorreram em 21% do grupo de aliskireno e 17% do grupo de controle. Hipotensão também foi mais comum no grupo de aliskireno (17% vs 13%). A diminuição da taxa de filtração glumerular foi significativamente mais comum entre aqueles que tomavam a droga do estudo (11% contra 9%), assim como os eventos potencialmente relacionados com disfunção renal (17% vs 12%).

terça-feira, 12 de março de 2013

ANTAGONISTA DA ALDOSTERONA MELHORA O PROGNÓSTICO DOS PACIENTES COM INFARTO COM SUPRA - ST.

   Os níveis de aldosterona elevado está associado ao  aumento de eventos e mortalidade cardiovascular, em especial nos pacientes com insuficiência cardiaca (IC) sistólica, com fração de ejeção diminuida, independente da etiologia. As evidências mostram redução importante da mortalidade quando seus receptores são bloqueados na IC sistólica (Rales, Emphasis - HF), nos pacientes com infarto do miocárdio e FE < 40% com IC ou diabetes (Ephesus), mas ainda não teve um benefício consistente na IC diastólica (Aldo-HF).
   O estudo REMINDER (Impact Of Eplerenone On Cardiovascular Outcomes In Patients Post Myocardial Infarction) apresentado recentemente no Congresso da American College of Cardiology 2013, comparou a segurança e eficácia da utilização do eplerenone, um antagonista dos receptores da aldosterona) em pacientes com síndorme coronária aguda com supradesnivelamento do segmento ST (SCACSST), em relação ao placebo.
  O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da eplerenona sobre a mortalidade e morbidade cardiovascular em doentes com SCA-CSST, iniciado nas primeiras 24 horas do início dos sintomas (de preferência dentro das primeiras 12h), na ausência do diagnóstico de IC. Foi um estudo randomizado, duplo-cego e placebo-controlado que incluiu 1.012 pacientes com SCACSST sem história de IC ou fração de ejeção (FE) <40% e sem sinais de IC para receber, de preferência antes da terapia de reperfusão do miocárdio, eplerenona (25-50 mg/dia) ou placebo, em adição à terapia padrão. A meta primária do estudo foi definida como o tempo para a ocorrência do primeiro evento de mortalidade CV, re-hospitalização, ou internação prolongada devido ao diagnóstico de IC, taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação ventricular, FE ≤ 40% após 1 mês, ou elevação dos níveis de BNP / NT-proBNP após 1 mês, ajustados pelo modelo de regressão de Cox para fatores prognósticos relevantes basais pré-especificados.
   Após um seguimento médio de 10,5 meses, a meta primária ocorreu em 93 (18,4%) pacientes no grupo eplerenona, em comparação com 150 (29,6%) no grupo placebo (RR ajustado 0,571; IC 95% 0,439 - 0,742; p<0,0001). Uma elevação de BNP/NT-proBNP após 1 mês foi observada em 81 (16%) dos doentes no grupo de eplerenona, em comparação com 131 (25,9)% no grupo do placebo (RR 0,584; IC95% 0,441-0,773; p<0,0002). As taxas de eventos adversos foram semelhantes nos dois grupos. Os níveis séricos de potássio superior a 5,5mEq/L ocorreram em 5,6% versus 3,2% (p=0,09) nos grupos eplerenone e placebo, respectivamente e os de calemia menor que 4,0 mEq/L ocorreram em 35,5% vs. 47,2% (p=0,0002) no grupo eplerenona e placebo, respectivamente.
   Apesar de o estudo ter testado apenas o eplerenone, estes efeitos parecem ser de classe, e provavelmente podem ser extrapolados para a espironolactona já que a eplerenone não é comercializada no Brasil. Com estes resultados expressivos, é esperado que nas próximas diretrizes saja recomendado o uso precoce de antagonistas da aldosterona de rotina em pacientes com SCA-CSST sem sinas de IC e sem contra-indicações para a espironolactona.