segunda-feira, 15 de outubro de 2012

IMPORTÂNCIA DA MICROALBUMINÚRIA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

   A excreção urinária de albumina é um preditor de morbi-mortalidade renal e cardiovascular, em pacientes com hipertensão arterial (HAS), diabetes (DM) e na população geral. Microalbuminúria é definida como uma razão albumina/creatinina entre 30 e 300 µg albumina / mg creatinina na urina. Entretanto, segundo o estudo HOPE, qualquer grau de albuminúria é um fator de risco para eventos cardiovasculares, independente se há ou não diabetes. A insuficiência cardíaca (IC) é uma doença multifatorial, onde a doença coronária, a hipertensão e o diabetes têm papel já estabelecido. Também já existem estudos mostrando a associação da microalbuminúria com a IC. 
   A presença de microalbuminúria foi observada em indivíduos sem DM ou HAS e também está associada à mortalidade cardiovascular, maior incidência de doença coronária e IC. Ela é um marcador inicial da nefropatia diabética e um marcador de morte prematura em diabéticos tipo 1. Nos do tipo 2, a presença de micro ou macroalbuminúria associou-se a maior mortalidade cardiovascular, independente da pressão arterial e do ritmo de filtração glomerular. Vários estudos demonstraram a associação de microalbuminúria e HAS. O uso precoce de inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona (IECA) poderia impedir a progressão para nefropatia estabelecida ou mesmo contribuir para a regressão da microalbuminúria. Alguns autores sugerem que a microalbuminúria possa representar disfunção endotelial e deve ser um alvo no tratamento dos pacientes hipertensos. Também existem estudos associando a microalbuminúria com doença coronária aguda e crônica e, também aqui, parece haver relação com a função endotelial. Van de Wall e colaboradores mostraram que em indivíduos com IC sistólica, sem DM e recebendo IECA, a presença de microalbuminúria foi muito mais freqüente que a observada na população geral (32%). Os autores também sugerem que isto decorra da disfunção endotelial generalizada e à maior permeabilidade capilar renal, que ocorre na IC. Figueiredo et al. também demonstrou que, em indivíduos com IC sistólica moderada a grave, sem história de HAS ou DM e recebendo IECA, aproximadamente 60% apresentavam microalbuminúria e 18% macroalbuminúria. Não houve associação entre os valores da albuminúria e a fração de ejeção ou classe funcional da NYHA. Em um sub-estudo do CHARM study, Jackson e colaboradores observaram que 30% dos pacientes apresentaram microalbuminúria e 11% macro e não houve regressão com o uso do Candesartan. O estudo ALOFT, que avaliou o uso do Aliskireno em pacientes com IC, observou que 33% deles apresentavam microalbuminúria e este achado foi independentemente associado aos níveis de HbA1c e NT-pro-BNP e ao diâmetro diastólico do VE. Por outro lado, não houve relação com marcadores inflamatórios, ou ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e não foi reduzida pelo uso do aleskireno. 
   Microalbuminúria pode ocorrer na população geral, mas é mais freqüente em pacientes com DM e HAS, que são fatores de risco para doença coronária e IC. A presença de microalbuminúria pode ser devida à disfunção endotelial, que antecipa a disfunção miocárdica e a IC clínica. Independente de seus mecanismos ou causas, a presença de microalbuminúria indica pior prognóstico. Sua determinação regular deve ser incentivada em pacientes com IC e seus fatores de risco. Embora haja controvérsias na literatura, parece claro que, antes da instalação da IC, o uso de IECA retarda ou mesmo contribui para a regressão da microalbuminúria. Uma vez que a IC já está instalada, o uso destas drogas pode restabelecer a função cardíaca, mas não necessariamente reverter a microalbuminúria. Desta forma, a microalbuminúria precede a IC e, por isto mesmo, deve ser solicitada e acompanhada nos pacientes com fatores de risco para IC. 
Referência: EJC/ESC

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