quarta-feira, 31 de outubro de 2012

USO DA DOSAGEM DO BNP NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

   O BNP é uma substância segregada a partir dos ventrículos ou câmaras inferiores do coração, que aumenta em resposta a alterações na pressão que ocorrem pricipalmente quando a insuficiência cardíaca (IC) se desenvolve ou se agrava, e diminui quando se estabiliza. O nível de BNP em uma pessoa com insuficiência cardíaca - mesmo em condição estável - é maior do que em uma pessoa com a função normal.
   O nível de BNP ajuda no diagnóstico diferencial entre as patologias que podem causar sintomas semelhantes a IC, como a DPOC. Além de ajudar o médico a tomar decisões tais como hospitalização, tratamento mais agressivo e prever prognóstico.
     Os níveis recomendados são:
BNP abaixo de 100 pg /ml indica que não há insuficiência cardíaca.
BNP de 100-300 sugere insuficiência cardíaca está presente.
BNP acima de 300 pg /ml indica insuficiência cardíaca leve.
BNP acima de 600 pg /ml indica insuficiência cardíaca moderada.
BNP acima de 900 pg /ml indica insuficiência cardíaca grave.
   Em um estudo publicado na edição de janeiro do Journal of the American College of Cardiology, o BNP diagnosticou insuficiência cardíaca com precisão em 83% dos pacientes, reduzindo o tempo de diagnóstico e indecisões clínicas de 43% para 11%.
   O estudo avaliou 321 pacientes que chegaram à emergência com dispnéia aguda. Foram realizados BNP e avaliação Médica em todos. Os médicos estavam cegos em relação aos níveis de BNP e davam a sua probabilidade de o paciente ter IC e o seu diagnóstico final. Além disso, dois outros médicos reviam os sintomas dos pacientes, características de base e história clínica, e eram solicitados a prestar o seu nível de certeza clínica para descartar o diagnosticar IC.
   O estudo mostrou que o BNP fornecia um diagnóstico preciso em 81,1% das vezes (sensibilidade de 90%, e especificidade de 74% no ponto de corte > 100 pg/ml). Enquanto a avaliação clínica sozinha, produziu um diagnóstico preciso em 74%. O teste do BNP também reduziu a incerteza em relação ao diagnóstico de 43% para 11%. Os níveis médios de BNP também se correlacionou com a classe funcional da New York Heart Association e foi capaz de distinguir os sintomas da insuficiência cardíaca dos de causas pulmonares.
   Os autores concluíram que o teste de BNP é um teste rápido, barato que aumenta as atuais ferramentas de avaliação de diagnóstico e permite ao médico fazer o diagnóstico correto de insuficiência cardíaca. 
Referência: Cleveland Clinic

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

IMPORTÂNCIA DA MICROALBUMINÚRIA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

   A excreção urinária de albumina é um preditor de morbi-mortalidade renal e cardiovascular, em pacientes com hipertensão arterial (HAS), diabetes (DM) e na população geral. Microalbuminúria é definida como uma razão albumina/creatinina entre 30 e 300 µg albumina / mg creatinina na urina. Entretanto, segundo o estudo HOPE, qualquer grau de albuminúria é um fator de risco para eventos cardiovasculares, independente se há ou não diabetes. A insuficiência cardíaca (IC) é uma doença multifatorial, onde a doença coronária, a hipertensão e o diabetes têm papel já estabelecido. Também já existem estudos mostrando a associação da microalbuminúria com a IC. 
   A presença de microalbuminúria foi observada em indivíduos sem DM ou HAS e também está associada à mortalidade cardiovascular, maior incidência de doença coronária e IC. Ela é um marcador inicial da nefropatia diabética e um marcador de morte prematura em diabéticos tipo 1. Nos do tipo 2, a presença de micro ou macroalbuminúria associou-se a maior mortalidade cardiovascular, independente da pressão arterial e do ritmo de filtração glomerular. Vários estudos demonstraram a associação de microalbuminúria e HAS. O uso precoce de inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona (IECA) poderia impedir a progressão para nefropatia estabelecida ou mesmo contribuir para a regressão da microalbuminúria. Alguns autores sugerem que a microalbuminúria possa representar disfunção endotelial e deve ser um alvo no tratamento dos pacientes hipertensos. Também existem estudos associando a microalbuminúria com doença coronária aguda e crônica e, também aqui, parece haver relação com a função endotelial. Van de Wall e colaboradores mostraram que em indivíduos com IC sistólica, sem DM e recebendo IECA, a presença de microalbuminúria foi muito mais freqüente que a observada na população geral (32%). Os autores também sugerem que isto decorra da disfunção endotelial generalizada e à maior permeabilidade capilar renal, que ocorre na IC. Figueiredo et al. também demonstrou que, em indivíduos com IC sistólica moderada a grave, sem história de HAS ou DM e recebendo IECA, aproximadamente 60% apresentavam microalbuminúria e 18% macroalbuminúria. Não houve associação entre os valores da albuminúria e a fração de ejeção ou classe funcional da NYHA. Em um sub-estudo do CHARM study, Jackson e colaboradores observaram que 30% dos pacientes apresentaram microalbuminúria e 11% macro e não houve regressão com o uso do Candesartan. O estudo ALOFT, que avaliou o uso do Aliskireno em pacientes com IC, observou que 33% deles apresentavam microalbuminúria e este achado foi independentemente associado aos níveis de HbA1c e NT-pro-BNP e ao diâmetro diastólico do VE. Por outro lado, não houve relação com marcadores inflamatórios, ou ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e não foi reduzida pelo uso do aleskireno. 
   Microalbuminúria pode ocorrer na população geral, mas é mais freqüente em pacientes com DM e HAS, que são fatores de risco para doença coronária e IC. A presença de microalbuminúria pode ser devida à disfunção endotelial, que antecipa a disfunção miocárdica e a IC clínica. Independente de seus mecanismos ou causas, a presença de microalbuminúria indica pior prognóstico. Sua determinação regular deve ser incentivada em pacientes com IC e seus fatores de risco. Embora haja controvérsias na literatura, parece claro que, antes da instalação da IC, o uso de IECA retarda ou mesmo contribui para a regressão da microalbuminúria. Uma vez que a IC já está instalada, o uso destas drogas pode restabelecer a função cardíaca, mas não necessariamente reverter a microalbuminúria. Desta forma, a microalbuminúria precede a IC e, por isto mesmo, deve ser solicitada e acompanhada nos pacientes com fatores de risco para IC. 
Referência: EJC/ESC

sábado, 6 de outubro de 2012

EFEITOS CARDIOVASCULARES DO CHOCOLATE EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

   É sabido que o consumo de cacau exerce vários efeitos benéficos para a saúde cardiovascular. Seu consumo é inversamente correlacionado com a pressão arterial (PA) e todas as causas de mortalidade, recentemente confirmado em um grande estudo de base populacional. No entanto, não há nenhum grande ensaio avaliando o seu efeito na morbidade e perspectiva de mortalidade até agora, mas pequenos estudos randomizados mostram efeitos benéficos convincentemente a curto prazo, sobre a função endotelial. A disfunção endotelial é uma condição fisiopatológica associada com doença aterotrombótica prematura, diminuiu biodisponibilidade e aumento do estresse oxidativo que estão entre suas características mais importantes. A função endotelial pode ser avaliada de forma não invasiva por ultra-sonografia de medição do fluxo de dilatação mediada (FDM) da artéria braquial. Se correlaciona com a função endotelial coronária e é preditivo de futuros eventos coronarianos. 
   A Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) é uma condição freqüente, representando o estágio final da maior parte das doenças cardiovasculares e está associada com alta morbidade e mortalidade. Os pacientes com ICC normalmente apresentam disfunção endotelial, aumento do estresse oxidativo, disfunção dos barorreceptores e aumento da ativação plaquetária, elevando o risco de eventos cardiovasculares e morte. 
   O cacau agudamente melhora a vasodilatação NO-dependente em humanos saudáveis ​​e em pacientes com fatores de risco cardiovasculares, como a diabetes. A insuficiência cardíaca congestiva é uma fase muito tardia da maioria das formas de doença cardiovascular. Nessa fase, muitas alterações cardiovasculares são irreversíveis. Por exemplo, a redução de lipoproteínas de baixa densidade (LDH) por HMG coenzima redutase não mais reduz as taxas de eventos, mesmo em pacientes com cardiomiopatia isquêmica. Assim, opções alternativas de tratamento têm de ser explorados nesses pacientes de alto risco. Devido ao seu potencial para melhorar a biodisponibilidade e suas propriedades antioxidantes, o Chocolates Rico em Flavanol (CRF) pode ser benéfico nestes pacientes. Foi com este objetivo que o presente estudo, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, avaliou os efeitos agudos (2 horas após a ingestão), e as de longo prazo (de 2 e 4 semanas) do CRF sobre a função endotelial e plaquetária em pacientes com ICC.
  Vinte pacientes com ICC foram inscritos no estudo, comparando o efeito do CRF comercialmente disponível com licor de chocolate, sobre a função endotelial e plaquetas no curto prazo (2 h após a ingestão de uma barra de chocolate) e longo prazo (4 semanas, duas barras de chocolate / dia). A função endotelial foi avaliada de forma não invasiva através da vasodilatação mediada por fluxo da artéria braquial. Vasodilatação mediada pelo fluxo melhorou significativamente de 4,98 ± 1,95-5,98 ± 2,32% (P = 0,045 e 0,02 para entre os grupos alterações) 2h após a ingestão de CRF e para 6,86 ± 1,76% após 4 semanas de consumo diário (P = 0,03 e 0,004 para entre os grupos). Nenhum efeito sobre a vasodilatação dependente do endotélio foi observado. A adesão das plaquetas diminuiu significativamente de 3,9 ± 1,3-3,0 ± 1,3% (P = 0,03 e 0,05 para entre os grupos) 2 h após a CRF, um efeito que não se manteve em 2 e 4 semanas. O licor de cacau não teve nenhum efeito, sobre a função endotelial, ou a função plaquetária. A pressão arterial e a freqüência cardíaca não se alterou em nenhum dos grupos.
  Pela primeira vez, foi relatado efeitos significativos e específicos do CRF sobre a função endotelial e das plaquetas, em pacientes com ICC. O chocolate não só melhorou este marcador cardiovascular importante na forma aguda, mas mais ainda a longo prazo. Esse efeito vascular positivo de uma molécula oral disponível na ICC, inesperadamente estatinas provaram ser ineficazes nesta população de pacientes. É digno de nota que a função endotelial foi melhorada em cima de tratamento médico ideal com drogas conhecidas para melhorar a função vascular sozinho.
Referência: EHJ