sábado, 16 de fevereiro de 2013

ANTI-INFLAMATÓRIOS E RISCOS DE EVENTOS CARDIOVASCULARES

   O anti-inflamatório não esteróide (AINE), diclofenaco, um fármaco frequentemente utilizado para o tratamento da dor e inflamação causada pela artrite, está associado a um aumento significativo do risco de complicações cardiovasculares. Ele aumentou o risco de eventos cardiovasculares entre 38% e 63% em diferentes estudos. O risco aumentado de diclofenaco foi semelhante ao do inibidor de COX-2, rofecoxib (Vioxx, Merck), uma droga retirada mercados em todo o mundo por causa da toxicidade cardiovascular.
   Numa meta-análise publicada on-line 12 de fevereiro de 2013 na revista PLoS Medicine, Henry e McGettigan revisaram os riscos relativos cardiovasculares dos AINEs, em estudos observacionais e randomizados. O Rofecoxib, etoricoxib e diclofenaco foram os três agentes mais consistentemente associados com o risco significativamente maior quando comparado o uso com o não uso. Rofecoxib aumentou o risco de eventos cardiovasculares graves entre 27% e 45%, e etoricoxib aumentou o risco em mais de duas vezes em comparação com o não uso. Em dois estudos observacionais, o diclofenaco aumento do risco de infarto agudo do miocárdio (IM) de aproximadamente 38% e 39%,  e o risco de eventos cardiovasculares de um modo geral de 40%. Em um ensaio randomizado, o diclofenaco foi associado com um risco 63% maior de eventos cardiovasculares em comparação com o não uso.
   Para o diclofenaco, a dose prescrita varia de 100 a 150 mg por dia, e esta dose é suficientemente elevado para causar eventos cardiovasculares.  Este risco não foi encontrado com outras drogas, como ibuprofeno, naproxeno e celecoxib, em doses baixas. Portanto elas devem ser prescritas em doses baixas para não aumentarem o risco de ataques cardíacos. O problema com o diclofenaco é que, mesmo em pequenas doses, ele aumenta o risco de eventos cardiovasculares.
   A Indometacina e o meloxicam tiveram um risco de eventos cardiovasculares moderadamente aumentado, ligeiramente maiores do que o naproxeno, o ibuprofeno e celecoxib,  quando utilizado em doses elevadas, em ensaios clínicos, mas não em doses mais baixas.
    Os riscos cardiovasculares associados com os AINEs são subvalorizados. A maioria dos AINEs, com a possível exceção do naproxeno, têm algum grau de risco cardiovascular associado. Várias fontes indicam que, particularmente os pacientes que são portadores de doença cardíaca, devem abster-se de o uso crônico de AINEs, se possível. É concebível que o diclofenaco tenha um risco maior do que os outros, mas na verdade o problema é da classe inteira.
   Em publicação do ano passado, a revista Circulation, mostrou que o uso de AINEs, foi associado com um risco aumentado de eventos coronários persistentemente em pacientes que já tiveram IM. Em mais de 43 000 doentes com IM que usavam AINEs, o seu uso esteve associado com um risco aumentado de 59% de mortalidade após um ano de uso, e de 63% depois de cinco anos de uso. Além disso, a utilização dos AINEs foi associado com um aumento do risco de morte coronária e IM recorrente.

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