terça-feira, 12 de março de 2013

ANTAGONISTA DA ALDOSTERONA MELHORA O PROGNÓSTICO DOS PACIENTES COM INFARTO COM SUPRA - ST.

   Os níveis de aldosterona elevado está associado ao  aumento de eventos e mortalidade cardiovascular, em especial nos pacientes com insuficiência cardiaca (IC) sistólica, com fração de ejeção diminuida, independente da etiologia. As evidências mostram redução importante da mortalidade quando seus receptores são bloqueados na IC sistólica (Rales, Emphasis - HF), nos pacientes com infarto do miocárdio e FE < 40% com IC ou diabetes (Ephesus), mas ainda não teve um benefício consistente na IC diastólica (Aldo-HF).
   O estudo REMINDER (Impact Of Eplerenone On Cardiovascular Outcomes In Patients Post Myocardial Infarction) apresentado recentemente no Congresso da American College of Cardiology 2013, comparou a segurança e eficácia da utilização do eplerenone, um antagonista dos receptores da aldosterona) em pacientes com síndorme coronária aguda com supradesnivelamento do segmento ST (SCACSST), em relação ao placebo.
  O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da eplerenona sobre a mortalidade e morbidade cardiovascular em doentes com SCA-CSST, iniciado nas primeiras 24 horas do início dos sintomas (de preferência dentro das primeiras 12h), na ausência do diagnóstico de IC. Foi um estudo randomizado, duplo-cego e placebo-controlado que incluiu 1.012 pacientes com SCACSST sem história de IC ou fração de ejeção (FE) <40% e sem sinais de IC para receber, de preferência antes da terapia de reperfusão do miocárdio, eplerenona (25-50 mg/dia) ou placebo, em adição à terapia padrão. A meta primária do estudo foi definida como o tempo para a ocorrência do primeiro evento de mortalidade CV, re-hospitalização, ou internação prolongada devido ao diagnóstico de IC, taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação ventricular, FE ≤ 40% após 1 mês, ou elevação dos níveis de BNP / NT-proBNP após 1 mês, ajustados pelo modelo de regressão de Cox para fatores prognósticos relevantes basais pré-especificados.
   Após um seguimento médio de 10,5 meses, a meta primária ocorreu em 93 (18,4%) pacientes no grupo eplerenona, em comparação com 150 (29,6%) no grupo placebo (RR ajustado 0,571; IC 95% 0,439 - 0,742; p<0,0001). Uma elevação de BNP/NT-proBNP após 1 mês foi observada em 81 (16%) dos doentes no grupo de eplerenona, em comparação com 131 (25,9)% no grupo do placebo (RR 0,584; IC95% 0,441-0,773; p<0,0002). As taxas de eventos adversos foram semelhantes nos dois grupos. Os níveis séricos de potássio superior a 5,5mEq/L ocorreram em 5,6% versus 3,2% (p=0,09) nos grupos eplerenone e placebo, respectivamente e os de calemia menor que 4,0 mEq/L ocorreram em 35,5% vs. 47,2% (p=0,0002) no grupo eplerenona e placebo, respectivamente.
   Apesar de o estudo ter testado apenas o eplerenone, estes efeitos parecem ser de classe, e provavelmente podem ser extrapolados para a espironolactona já que a eplerenone não é comercializada no Brasil. Com estes resultados expressivos, é esperado que nas próximas diretrizes saja recomendado o uso precoce de antagonistas da aldosterona de rotina em pacientes com SCA-CSST sem sinas de IC e sem contra-indicações para a espironolactona.

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