quarta-feira, 4 de julho de 2012

ATIVIDADE SEXUAL E DOENÇAS CARDIOVASCULARES..

    A atividade sexual é um componente importante da qualidade de vida dos homens e mulheres com doença cardiovascular (DCV). A diminuição da função e atividade sexual são comuns nestes pacientes e estão muitas vezes relacionados à ansiedade e depressão. A intenção da American Heart Association (AHA) foi sintetizar e resumir os dados relevante para a atividade sexual e doenças do coração, a fim de fornecer recomendações aos médicos e outros  profissional da saúde com relação a atividade sexual dos mesmos. Recomendações contidas neste documento foram feitas por especialistas de diversas áreas, incluindo cardiologia, fisiologistas, urologistas, e especialistas em aconselhamento sexual. De modo geral, estas recomendações demonstram que a atividade sexual é segura para pacientes com doença cardíaca. As diretrizes apontam que os únicos pacientes que devem se abster de sexo são aqueles com doença cardíaca instável ou sintomas graves, que devem ser avaliados e estabilizados adequadamente, antes de praticar qualquer atividade sexual. Numerosos estudos têm examinado a resposta cardiovascular e neuroendócrina durante  a excitação e relação sexual. Nos preliminaresa pressão arterial sistólica, diastólica e a frequência cardíaca aumentam levemente, com aumentos mais modestos ocorrendo transitoriamente durante a excitação sexual. Os maiores aumentos ocorrem nos 10 a 15 segundos do orgasmo, com rápido retorno aos valores basais. Homens e mulheres têm as respostas neuroendócrinas semelhantes. Estudos realizados principalmente em homens jovens casados ​​mostraram que a atividade sexual com o parceiro habitual é comparável a uma pequena a moderada atividade física, correspondendo a 3 a 4 equivalentes metabólicos (METs), isto equivalente a subir dois lances de escadas ou caminhada de curta duração. A freqüência cardíaca raramente excede os 130 bpm e a pressão sistólica raramente ultrapassa 170mmHg em indivíduos normotensos.
   Recomendações gerais:
1. Mulheres com doenças cardiovasculares devem ser orientados sobre a segurança e a conveniência dos métodos contraceptivos e gravidez, quando apropriado (Classe I, Nível C).
2. Os pacientes cardiopatas que desejam iniciar ou retomar a atividade sexual devem ser avaliados com uma história médica e exame físico completos (Classe IIa, Nível C).
3. A atividade sexual é permitida para cardiopatas com baixo risco de complicações cardiovasculares (Classe IIa, Nível B)
4. O teste ergométrico pode ser considerado para pacientes com risco cardiovascular moderado, alto ou desconhecido para avaliar a capacidade física no exercício e o desenvolvimento de sintomas, isquemia ou arritmias concomitantes (Classe IIa, Nível C).
5. A atividade sexual é permitida para pacientes que podem exercer mais de 3 a 5 METS sem dispneia, angina, alterações isquêmicas do segmento ST, cianose, hipotensão ou arritmia (Classe IIa, Nível C)
6. A reabilitação cardíaca e o exercício físico regular podem ser úteis para reduzir o risco de complicações cardiovasculares durante a atividade sexual (Classe IIa, Nível B)
7. Pacientes com instabilidade hemodinâmica, doença cardíaca descompensada e/ou grave devem adiar a atividade sexual até estabilidade clínica, assim como aqueles que apresentam precipitação dos sintomas com a atividade sexual (Classe III, Nível C).
8. Doença arterial coronária
• A atividade sexual é considerada segura para pacientes com angina estável crônica de fraca intensidade (Nível de Evidência B), com uma ou mais semanas pós-IAM sem disfunção ventricular e sem sintomas à atividade física moderada (Classe IIa, Nível C), e contra indicada na angina instável ou refratária.
• A atividade sexual para pacientes submetidos a revascularização coronária completa é bem estabelecida (Classe IIa, Nível B), podendo ser retomada poucos dias após angioplastia, se o acesso vascular foi sem complicações (Classe IIa, Níve C) ou 6 a 8 semanas após cirurgia de revascularização miocárdica, desde que a esternotomia apresente sinais de boa cicatrização (Classe IIa, Nível B)
• Para pacientes com revascularização incompleta, o teste ergométrico pode ser considerado para avaliação da extensão e gravidade da isquemia residual (Classe IIb, Nível C).
9. Doença Valvar
• Não há contra-indicações para pacientes com doença cardíaca valvar leve ou moderada e sem sintomas ou com sintomas leves, além dos pacientes portadores de próteses valvares normofuncionantes (Classe IIa, Nível C)
• A atividade sexual não é recomendada para pacientes com doença valvular grave ou muito sintomática (Classe III, Nível C).
10. Portadores de arritmia e marcapasso
• A atividade sexual é “permitida“ para pacientes com fibrilação atrial ou flutter atrial com resposta ventricular controlada (Classe IIa, Nível C), somado aos pacientes portadores de história de taquicardia atrioventricular por reentrada nodal, reentrada atrioventricular ou taquicardia atrial controladas (Classe IIa, Nível C), portadores de marca-passos (Classe IIa, Nível C), portadores de CDI para prevenção primária (Classe IIa, Nível C) e para prevenção secundária, desde que não haja precipitação de eventos de TV ou FV em avaliação de estresse físico com mais de 3 a 5 METS ou com história de choques apropriados frequentes (Nível C )
• A atividade sexual deve ser contra-indicada para pacientes com fibrilação atrial com alta resposta ventricular, ou com arritmias sintomáticas ou induzidas por exercício (Classe III, Nível  C).
11. Outras recomendações
• A segurança dos Inibidores da PDE5 (tipo sidenafila) em pacientes com estenose aórtica grave ou cardiomiopatia hipertrófica é desconhecida (Classe IIb, Nível C). Pacientes que fazem uso crônico de nitrato não devem fazer uso destas medicações (Classe III; Nível B)
• Nitratos não devem ser administrados a pacientes dentro de 24 horas do uso de sildenafil ou vardenafil, e dentro de 48 horas do uso de tadalafil (Classe III, Nível B)
• O uso de estrogênio local ou tópico para o tratamento da dispareunia em mulheres com DCV pode ser considerado (Classe IIa, Nível C), porém, o uso medicamentos fitoterápicos com ingredientes desconhecidos devem ser desencorajados para o tratamento de disfunção sexual em pacientes cardiopatas (Classe IIb, Nível C). 
Referência:  Sexual Activity and Cardiovascular Disease: A Scientific Statement From the AHA. Circulation. 2012 Jan 19.

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